quarta-feira, 30 de maio de 2007

O FUTEBOL COMO EXPRESSÃO DE CIDADANIA E INCLUSÃO SOCIAL

O futebol como expressão de cidadania e inclusão social Serviço Social desempenha papel significativo por fortalecer a cidadania, autonomia e identidade dos jovens atletas Antonina Pertile e Rosa Maria Castilhos Fernandes Introdução Meu pontapé inicial se deu quando entrei no Estágio Curricular I e II em Serviço Social, mesmo sem ter muito claro qual seria o processo de trabalho de um Assistente Social no campo de futebol. No decorrer dessa aprendizagem adquiri conhecimentos através da vivência acadêmica na temática: futebol e adolescência. Observei que a prática do esporte nessa fase tem como vantagem principal, o estímulo à socialização, prevenção ao uso de drogas, maior clareza quanto aos seus objetivos, melhor qualidade de vida e incentivo a auto-estima, entre outros benefícios. Nesse contexto busquei respaldo teórico nos quatro pilares da Unesco: aprender a ser, aprender a aprender, aprender a conviver e aprender a fazer, para que os atletas tivessem um diferencial a mais na sua formação. Dessa forma, a partir das interações junto aos atletas das Categorias de Base, nascidos em 1991, o trabalho em grupo foi de profunda importância para fortalecê-los em nível social, familiar e intelectual. Trabalhando conceitos como cidadania, autonomia e a constituição da identidade, transformando-os em sujeitos com direitos e responsabilidades, sempre vinculando seus sonhos de se tornarem atletas profissionais. As dinâmicas de grupo tinham a finalidade de incentivá-los ao enfrentamento das dificuldades, sucessos, insucessos e expectativas nas novas relações que se estabeleciam entre o grupo e a equipe técnica. Os encontros também serviam para amenizar a ausência dos familiares. As atividades eram sempre dirigidas conforme a necessidade apresentada no momento e sentimentos vividos pelos atletas. A primeira dinâmica realizada para integrar os atletas foi a “rede”, simbolizando que dependemos e precisamos uns dos outros para viver, trabalhar e crescer. Aos poucos, de acordo com as dinâmicas e técnicas grupais, os integrantes foram adquirindo confiança e se tornaram mais participativos. Observou-se que nem todos demonstravam interesse pelos estudos. Diziam que não precisavam estudar porque iriam ganhar muito dinheiro e que o estudo era dispensável. Foi quando usamos a estratégia da entrevista que ludicamente consistia na fala sobre suas jogadas como se já fossem jogadores profissionais que nós estávamos entrevistando. Cada um deveria ouvir atentamente o que o outro dizia. Foi maravilhoso perceber que os próprios participantes do grupo reprovaram suas entrevistas por conterem expressões mal formuladas. Concluíram que deveriam estudar, porque a comunicação é fundamental para o bom relacionamento e principalmente numa entrevista. Dessa forma o processo grupal ocorreu num movimento dialético, onde cada temática abordada possibilitava avançar para outros temas de interesse. E foi nestas idas e vindas do movimento dialético, na interação grupal, ocorreram os ajustes e correções de conceitos, preconceitos, tabus, fantasias inconscientes, idéias preconcebidas e estereotipadas, contribuindo para que a mudança esperada acontecesse. Pensamos em dar início a esse enfrentamento necessário quanto à individualidade e diferenças a partir das dinâmicas de grupo, pois percebemos dificuldades por parte dos adolescentes quanto à opção sexual de um atleta do grupo. Os jovens sempre foram muito críticos com a homossexualidade. A dinâmica escolhida consistia trabalhar com o lúdico, neste momento elegemos a dinâmica do "Gato e o Rato". No desenrolar da brincadeira, cada participante era convidado a fazer o papel do rato para que pudessem fazer a reflexão sobre o que acontece nas relações quando uma pessoa encontra-se numa situação de superioridade ou submissão e qual é o sentimento da que está no papel de submisso. A partir da brincadeira, eles amenizaram as críticas e começaram a aceitar as diferenças porque a experiência da submissão foi impactante. As atividades lúdicas oportunizam a participação, a aprendizagem, o desenvolvimento do aprender ser, conviver, fazer, a construção e a desconstrução de entendimentos. Assim através das brincadeiras, os atletas tiveram a oportunidade de vivenciar um momento empático e entender os sentimentos daquele colega quando sofre hostilizações por sua forma de ser.

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